10/04/2010

Viva o Verão, abaixo o Verão!

Ao reler o estudo de Maria de Fátima Bonifácio sobre o século XIX (A Monarquia Constitucional: 1807-1910, Lisboa, Texto Editores, 2010) reparei que as sucessivas revoltas e insurreições que ocorreram durante aquele conturbado século, nunca aconteceram durante os meses de Verão. Em Junho, Julho e Agosto o povo amolece sob o calor e a classe política vai a banhos. Resultado: os grandes acontecimentos políticos, na sua maioria, acabam por acontecer entre Janeiro e Abril ou entre Setembro e Novembro. Já no século XX, golpes e contra-golpes escolheram os meses de Março, Abril e Setembro. Continua, pois, a verificar-se aquela regra. No Verão, com o aumento da temperatura, esquece-se tudo e o descontentamento evapora. Os meses de Verão são meses de modorra, sonolência e preguiça, em que nada se faz e nada acontece. Ou então são os meses piores: onde se preparam as revoltas que irão animar e entreter o país, de forma a poder suportar da melhor maneira e ao sabor de muitas ilusões, esta miséria de vida.

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