19/06/2012

A segunda guerra mundial e a empregabilidade das mulheres



O facto de não termos entrado na Segunda Guerra Mundial teve também as suas consequências negativas. As duas guerras mundiais do século XX tiveram repercussões, por exemplo, na empregabilidade das mulheres, que passaram a trabalhar fora do lar por imperativos da economia de guerra. Segundo o historiador Eric Hobsbawm, nascido em 1917 no Egipto mas com nacionalidade britânica, esse trabalho fora do lar terá acontecido temporariamente aquando da Primeira Guerra Mundial e permanentemente aquando da Segunda (Eric Hobsbawm, A Era dos Extremos - história breve do século XX, Lisboa, Editorial Presença, 1996, p. 54). Neste sentido, as mulheres portuguesas teriam de esperar mais tempo, teriam de esperar eventualmente pela guerra colonial para, na década de sessenta, face à mobilização para a frente de guerra nos territórios africanos e também ao aumento acentuado da nossa emigração, avançarem para as fábricas onde o seu trabalho começava a ser necessário. O facto de não termos entrado abertamente no conflito poupou-nos vidas, mas também poupou-nos o viver doutro modo.


1 comentário:

  1. Aqui vai um contributo para a reflexão. Parece que foi há muito tempo, mas não é bem assim.
    Rezava o n.º 1 do artigo 1678.º do Código Civil, na redacção que lhe foi conferida pelo DL 47 344, de 25.11.1966, e que se manteve em vigor até 1977, até à alteração introduzida pelo DL 496/77, de 25.11.1977: “A administração dos bens do casal, incluindo os próprios da mulher e os bens dotais, pertence ao marido, como chefe da família.”
    Num livro editado em 1973 (A Administração dos Bens do Casal, Almedina), um ilustre jurista – Augusto Lopes Cardoso – escrevia acerca do conceito de “chefe de família”:
    “Vai-se denotando, por vezes com certo exagero, a queda da direcção marital, à sombra do principio da igualdade absoluta do homem e da mulher ... como se a consagração da regra da administração do marido fosse sinal de inferioridade de sexo da mulher, quando, em boa verdade, é apenas função da chefia familiar, que tem sempre de existir, e que, por tendências naturais inelutáveis, tende a pertencer ao marido e não à esposa.”

    ResponderEliminar