21/03/2010

Rating: ouvir, calar e cumprir

Os portugueses, mesmo na fila dos assim-assim, não conseguem ocultar a sua vocação de meninos bem comportados, sempre disponíveis para revelar aos seus superiores, numa atitude tão reverencial quanto bacoca, que são os primeiros a cumprir as tarefas que lhes ditam. A subserviente atitude do nosso governo perante Bruxelas ou face às agências internacionais de notação financeira (rating) contrasta com a atitude de alguns políticos norte-americanos. Exactamente: norte-americanos, em plena pátria do capitalismo. Ora, segundo o procurador do Estado de Connecticut, existem argumentos válidos para os estados europeus processarem aquelas agências. Na semana passada, Richard Blumenthal apresentou na semana passada um novo processo contra duas agências de rating.  Aliás, já o fizera em 2008. Também o procurador do Ohio processou as agências, exigindo a restituição de montantes perdidos pelos fundos de pensões estatais. Na Califórnia estão sob investigação. De facto, é lícito pensar que essas agências perseguem objectivos de gerar ganhos com a atribuição das suas notações financeiras ou devemos julgar que actuam de forma independente, com objectivos altruístas e filantrópicos? De qualquer modo, parece-nos evidente que, cada vez mais, a soberania nacional enfraquece perante as decisões de uns rapazes que ninguém conhece e que nos estão a empurrar para a fila dos maus. Felizmente que o nosso primeiro-ministro sempre foi um bom aluno e nem conhecia domingos quando se tratou de acabar o curso de engenheiro. Ele vai conseguir manter-nos na fila dos assim-assim.

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