15/06/2011

Afonso Costa, na prisão, banqueteando-se com linguado frito do Tavares

O nosso sistema judicial e penal sempre foi acusado de ser demasiado garantístico. Por se pensar excessivamente nos direitos do arguido, facilmente nos esquecemos nos direitos da vítima. A própria estadia na prisão sempre foi vista como uma forma de boa vida. Vista, obviamente, por aqueles que estão cá fora. De qualquer modo, Afonso Costa, não se podia queixar das prisões monárquicas. Tendo passado pelo cárcere durante a ditadura de João Franco, em Dezembro de 1908, deixa-nos um elucidativo testemunho sobre o seu 3º dia no calabouço nº3:
"O meu desejo mais veemente é que, até cessar a minha incomunicabilidade, nada seja mudado em minha casa. Quero que haja os mesmos leccionistas, as mesmas criadas, os mesmíssimos hábitos de vida. [...]
Eu próprio não me poupo, por enquanto, a despesas fortes! Ainda agora acabo de comer um almoço esplêndido, que me vem do Tavares por preço elevado, mas que encontra plena compensação no facto de me saber muito bem. Compôs-se a refeição de uma omelete "aux fines herbes", linguado frito com batatas cozidas, costeletas de vitela com batatas, espinafres, queijo da Serra, pão, maçã, laranja e tangerina. Só deixei uma parte dos espinafres e para o lunch um pouco de costeleta e queijo [...]."
(Cit. in Jaime Nogueira Pinto, Nobre Povo - Os Anos da República, p. 175)

1 comentário:

  1. Meu caro Zé

    Se não fosse assim ninguém gostaria de ser preso!

    A propósito ainda "recordamos" dos meus tempos de prisão (?, a grande feijoada que a minha sogra nos mandou entregar e que deu para duas lautas refeições. Daquele tempo melhor que isto só a alegria de poder assistir aos primeiros passos da Filipa agarrada a um banco da "prisão" - enfermaria

    Meu caro você abusa dos "blogs" e no outro não consegui comentar.

    CC

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