12/10/2011

Alternância sem alternativa

A partir de 1851, o sistema político português encontrou uma solução mais ou menos equlibrada de alternância no poder entre dois partidos políticos: o partido Progressista e o partido Regenerador. Essa dança entre as duas formações políticas ficou conhecida como rotativismo. Os dois partidos alternavam no governo, sem grandes diferenciações ideológicas e políticas. Aliás, quando os seus governos caíam, não admitiam uma perda de confiança do eleitorado, mas apenas da Coroa, como se o rei deixasse de gostar deles ou actuasse por mero capricho. O rotativismo, apesar de ter marcado as últimas décadas do século XIX em Portugal, parece ter pegado de estaca no sistema político português. E os últimos anos de governação entre  nós parece ter sido, apesar da alternância, uma forma de rotativismo entre os mesmos de sempre. Augusto Fuschini, que chegou a estar filiado no partido Regenerador e a dirigir, durante um curto período, a pasta da Fazenda, caracterizou assim o rotativismo: "Partidos que se apoiam reciprocamente como dois bêbados, sabendo perfeitamente que a queda de um provocaria a ruína do outro".
Eis, pois, uma original forma de relacionamento: aproximação simulando distância, amor simulando repulsa. Só que no caso português, no original caso português, temos não dois amantes, mas um triângulo amoroso vivendo um eterno idílio.

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